domingo, 18 de março de 2012

domingo, 11 de março de 2012

QUINTA SINFONIA DE BEETHOVEN (Dó menor) - ANÁLISE - Parte I






MOVIMENTOS
  1. Allegro con brio
  2. Andante con moto
  3. Scherzo Allegro
  4. Allegro - Presto
INSTRUMENTAÇÃO
  1. Flautas
  2. Oboés
  3. Clarinetas (Bb)
  4. Fagotes
  5. Contrafagote
  6. Trompas
  7. Trompetes
  8. Trombones
  9. Tímpanos
  10. Naipe completo de cordas
PRIMEIRO MOVIMENTO - ALLEGRO CON BRIO 

ANÁLISE
Compassos 1 - 21
A exposição do tema é feita a partir do motivo central apresentado nos primeiros compassos da sinfonia. Do primeiro ao quinto compasso, o tema já introduz uma grande tensão, criando um ambiente de expectativa, como se estivesse anunciando a chegada de algo. O motivo gerador é composto por apenas quatro notas, sendo que ao observarmos de forma vertical e a cada compasso, é executada uma nota por vez e com total simetria rítmica. A instrumentação neste momento é composta por clarinetas e todo o naipe de cordas. Violinos e clarinetas em uníssono, separados das violas e contrabaixos por uma oitava, e dos violoncelos por duas oitavas. Violas e contrabaixos em uníssono, separados dos violoncelos por uma oitava. 
A introdução do tema, que ocorre nos primeiros cinco compassos tem função preparatória, principalmente pelo uso exacerbado de fermatas (comp. 2 e 5). Creio poder afirmar que a ambiência criada tem ligação direta com a relação intervalar existente na exposição temática, pois existem duas terças descendentes em tais compassos, uma maior (G - Eb - comp. 1 p/ 2) e outra menor (F - D - comp. 3 p/ 4). Dois intervalos que geram sensações distintas, mormente quando em sequência. A indicação de dinâmica também é fator que influencia a criação de tal clima, visto que a orquestra deve tocar fortíssimo, marcando bem a presença do motivo. O movimento harmônico presente nos compassos iniciais (1 - 5) é da região dominante para mediante e da subdominante para supertônica (G - Eb ------ F - D).
Do compasso 6 - 21 ocorre a primeira parte do desenvolvimento do tema apresentado. A estrutura rítmica é mantida, três colcheias e uma mínima. Nesta parte inicial do desenvolvimento, o mesmo motivo aparece, alternadamente, nos violinos (I e II) e violas, enquanto fagotes, violoncelos e violinos/violas, alternadamente, apresentam acompanhamento harmônico. Fagotes e violoncelos executam a mesma linha melódica em uníssono, ambos executando a nota , afirmando, neste momento, a estabilidade harmônica da sinfonia na região tônica. Cabe ressaltar que o desenvolvimento temático é caracterizado por uma alteração de dinâmica muito importante, influenciando mais ainda na formação do “clima” da peça. No momento inicial do desenvolvimento, é indicado que se execute piano (comp. 6 - 8), mas logo a frente a indicação é piano crescendo (comp. 18) e forte (comp. 19).  
Do compasso 7 - 21, pelo fato de fagotes e violoncelos se encontrarem em uníssono, caminham sempre em movimento direto, por oitavas paralelas. Entre os compassos 14 e 18, o tema, em desenvolvimento, se apresenta em forma de pergunta e resposta entre violinos I e violinos II/violas. Tal forma é caracterizada pelo motivo de os dois grupos executarem as mesmas notas, porém em movimentos opostos, enquanto um é ascendente, o outro é descendente. Durante a seção de desenvolvimento, a harmonia transita entre as regiões dominante e tônica, havendo apenas um momento de potencial instabilidade no compasso 20, quando surge um trítono (C - F#) de função preparatória. O tema desemboca nos três acordes executados tutti nos compassos 19, 20 e 21, que finalizam esta pequena introdução e desenvolvimento, preparando a volta do motivo gerador através da dominante (comp. 22).